Toda nudez será castigada

22fev08

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A atriz e cantora americana Lindsay Lohan causou furor esta semana ao posar nua para o fotógrafo Bert Stern, recriando o ensaio que ele fizera em 1962 com Marilyn Monroe. Apenas nos dois primeiros dias, segunda e terça-feira, o site da New York Magazine teria recebido 20 milhões de visitas, o que chegou a deixá-lo fora do ar. Há quem goste das fotos, há quem as ache de mal gosto. O Pedro Dória, por exemplo, achou que o ensaio é uma provocação, uma forma de reagir à forma com que Lohan é tratada pela imprensa e pelo público. Talvez seja esse o caso, talvez o ensaio seja oportunista, tanto faz. A mensagem é a mesma: apesar da internet, da liberdade sexual, dos direitos dos gays, estamos vivendo uma época cada vez mais puritana.

Para quem não se lembra, Lindsay já tem uma extensa ficha de fotos sem calcinha, com vestidos semi-transparentes, ou com decotes descuidados. O artifício é conhecido, e já foi usado por várias outras celebridades também aqui no Brasil. A cada novo flagra dos papparazzi, a reação é mais ou menos a mesma: primeiro uma curiosidade para ver as fotos, depois uma constatação de que o “desleixo” foi proposital. A pergunta mais importante, entretanto, quase nunca é feita: se uma mulher quer se mostrar nua, porque precisa usar desses recursos? Não seria mais fácil posar para uma revista, e ainda ganhar um bom dinheiro?

Acontece que ser capa da Playboy, hoje em dia, fecha tantas portas quanto abre – no mercado publicitário, por exemplo. Muita gente considera vulgar. (É verdade que sempre foi assim, mas se lembrarmos o quanto já foi mais comum atrizes consagradas, globais, saírem na revista e compararmos com a frequência que isso tem acontecido, veremos que a coisa tem piorado.) Já que a necessidade de se vender como sex-symbol ainda existe, resta a exposição “involuntária”.

Uma outra alternativa é um trabalho “artístico” – o máximo possível – como uma recriação de uma obra já consagrada e digerida, pelo público e pela mídia. Por isso tanto faz se Lohan foi crítica ou oportunista; de uma forma ou de outra, seu ensaio é um retrato da mediocridade e do medo de arriscar causados pelo moralismo da sociedade. É sintomático, por exemplo, que outro ícone da imprensa de moda, a Harper’s Bazaar, também traga em fevereiro, na sua edição australiana, uma capa inspirada em Marilyn Monroe, com outro símbolo sexual, a atriz Nicole Kidman:

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Parece que vivemos como os personagens de Os Sonhadores, de Bertolucci, que passam seu tempo a recriar cenas consagradas de filmes antigos. Resta saber se, como no filme, uma pedra atirada da rua nos salvará ou, ao contrário, morreremos asfixiados pelas próprias perversões e moralismos.



3 Responses to “Toda nudez será castigada”

  1. Parabéns pelo blog! Muito interessante e informativo! Nós, que trabalhamos com moda, precisamos de mais conteúdo de qualidade na Internet.

    Sergio
    http://www.kula.com.br

  2. 2 Marcelo Pina

    Valeu! Aparece mais por aqui…

  3. 3 fernandabarbato

    Oi! gostei muito do post!


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